quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Vizinhos querem grades em volta da Praça Raul Soares



Invasão de moradores de rua, depredação e constrangimento a frequentadores leva vizinhança da Raul Soares, no Centro de BH, a ideia extrema: abaixo-assinado pede cercamento do espaço Fartos de assistir a mendigos fazendo necessidades em público, a cenas de sexo explícito, a depredações e à falta de segurança, moradores e representantes de instituições do entorno da Praça Raul Soares querem cercar o espaço com grades e controlar os acessos, aos moldes de um parque municipal. O movimento é encabeçado pelo condomínio do Edifício JK e tem apoio de outros interessados, como a vizinha Primeira Igreja Batista de Belo Horizonte. Nos seis meses de debates sobre a iniciativa foi elaborado um abaixo-assinado que circula por moradias e pontos de comércio e que, segundo a gerência do condomínio, já conta com mais de mil adesões. A iniciativa é polêmica e divide opiniões. Turistas e moradores se mostram favoráveis, principalmente por não verem solução para conservar o monumento, tombado, que foi reformado há cinco anos. Especialistas, moradores de rua e o chefe da companhia da Polícia Militar local são contra. 

“O que queremos é gradear a Praça Raul Soares e disciplinar a entrada das pessoas, como ocorre, por exemplo, no Parque Municipal (Américo Renné Giannetti). O local se tornou dormitório da população de rua, e essa não é a finalidade. Pior ainda, pessoas idosas e crianças estão impedidas de usufruir do espaço”, afirma o gerente do Condomínio Conjunto Kubitschek, Manoel Freitas. De acordo com o administrador do edifício, que tem mais de 5 mil moradores e fica bem diante da praça, condomínios, igrejas e comerciantes, ao saber do abaixo-assinado – que será entregue à Prefeitura de Belo Horizonte –, pediram cópias para participar. “Já recebemos até ameaças de quem usa a praça de noite para fazer coisas proibidas, por causa do movimento, mas não vemos alternativa para termos de volta o sossego e a segurança. Muitos idosos estão evitando passar por aqui para não serem assaltados ou constrangidos”, disse.

O condomínio foi um dos apoiadores do Orçamento Participativo Digital, que em 2008 entregou a praça reformada depois de anos de abandono e degradação. “Fornecemos computadores para as pessoas votarem e poderem salvar a praça, até que a proposta venceu a eleição. Cinco anos depois vemos tudo começar de novo: o abandono, a depredação, as pessoas evitando o local”, reclama Freitas. 

A professora de sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais Andrea Zhouri, doutora pela universidade inglesa de Essex, diz não conhecer a iniciativa, mas se posiciona contra a ideia de fechamento de um espaço público. “Trancar uma praça não será a solução de segurança e contra depredações. Isso me espanta um pouco. A praça é pública e tem uma história como local de livre acesso dos cidadãos”, afirma. Para a socióloga, a questão dos moradores de rua é um desafio social e de políticas públicas. “Não é fechando espaços que os cidadãos têm direito de conhecer e frequentar que se vai mudar isso”, afirma.

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