segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Mau atendimento e recusa de viagens lideram reclamações


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Ter uma boa dose de paciência para conseguir um táxi em Belo Horizonte em horários de pico, em dias de chuva ou nos fins de semana à noite, pode ser o principal problema do serviço na capital, mas não é o único. Até novembro deste ano, a central de atendimento da prefeitura, pelo número 156, registrou 920 reclamações referentes aos taxistas, sendo o comportamento inadequado do motorista - falta de educação e má conduta - e as recusas de viagens como os campeões das denúncias, somando, juntas, 75,3% do total. No entanto, a realidade pode ser ainda pior, uma vez que há a possibilidade do sub-registro, provocado pelo desconhecimento do canal de reclamações.

Diante das diversas falhas apontadas pelos passageiros, a equipe de O TEMPO foi às ruas da capital para fazer um "test-drive", utilizando o serviço como um usuário comum, entre os mais de 99 mil passageiros diários na cidade. Durante três dias, a reportagem percorreu pontos de táxi em bairros da região Centro-Sul, casas de festas na região metropolitana e na rodoviária - onde se concentra grande parte dos quase 6.000 carros da capital. Em seis corridas, foi possível perceber que os taxistas não gostam de fazer trajetos curtos, mas aceitam combinar percursos longos com os clientes.

Entrar em um táxi em um fim de tarde chuvoso no centro da cidade é uma verdadeira "caça ao tesouro". Se a corrida for de curta distância, com valor inferior a R$ 10, motoristas muitas vezes negam, inventam uma desculpa ou fazem de má vontade. Nos pontos do centro, taxistas não se importavam em fazer percursos pequenos, já que o movimento é grande e eles não costumam perder tempo parados na fila esperando passageiro. De acordo com os motoristas, nos pontos de bairros e na fila da rodoviária - que muitas vezes ultrapassa os limites do terminal e ocupa parte da avenida Olegário Maciel - eles chegam a ficar mais de 30 minutos esperando até entrar um cliente. "Essas corridas curtas não pagam nem a gasolina que a gente gasta para chegar ao primeiro lugar da fila, por isso, muitos recusam", disse um taxista insatisfeito, quando foi informado do trajeto entre a rodoviária até o shopping Diamond Mall, na região Centro-Sul. O percurso de 2 km saiu por R$ 10,40.

O presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, explica que o aumento da tarifa neste ano priorizou a bandeirada, para que as corridas curtas tenham um valor maior. "Pensamos em valorizar a viagem pequena, que é a mais comum na capital, para diminuir as recusas".

Alguns motoristas sabem que podem ser multados se recusarem as corridas e, por isso, fazem de má vontade. "Se a gente rejeitar, somos multados", afirmou um taxista, ao ser questionado se se importava de fazer um percurso pequeno, de 1 km, entre a avenida Afonso Pena, no bairro Serra, e o Hospital Life Center.

Para o diretor do Sindicato dos Taxistas (Sincavir), Avelino Moreira, as recusas de corridas curtas acontecem, mas não é um comportamento padrão. "As tarifas estavam muito defasadas. Com o reajuste, já começamos a adequar esse problema", destaca.

Combinadas. O caso de agressão entre um taxista e dois empresários que se recusaram a pagar um valor fixo de R$ 50, entre uma casa de eventos na BR-040, em Nova Lima, na região metropolitana, e o bairro Belvedere, na região Centro-Sul da capital, no mês passado, ainda repercute entre os motoristas. A reportagem refez o trajeto e o custo, pelo taxímetro, foi de R$ 45. No entanto, ao chegar no destino, o motorista cobrou uma taxa de retorno de 50% e subiu para R$ 65. No dia da confusão com os empresários, o veículo era da capital e não poderia ter realizado o serviço, já que a BHTrans não tem convênio com Nova Lima.

Taxa de retorno
Cobrança. A taxa de retorno só não é cobrada em Contagem, Ibirité e Ribeirão das Neves, que possuem convênio com a capital. Nos demais municípios da Grande BH, é cobrado mais 50% do valor da corrida.

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