quinta-feira, 5 de junho de 2014

Culinária mineira será tema de enredo da Salgueiro em 2015

Livro 'História da Arte da Cozinha Mineira por Dona Lucinha' foi inspiração.


A cozinha regional será abordada de maneira ampla no desfile.A escola de samba carioca Salgueiro escolheu como tema enredo para o carnaval 2015 a culinária mineira. Segundo revela a diretora da agremiação, Regina Celi, a inspiração surgiu a partir do livro “História da Arte da Cozinha Mineira por Dona Lucinha”; literatura que conta a construção da cozinha do estado a partir da evolução dos fogões. Contudo, a história da cozinha regional será contada de maneira ampla no desfile.

A canção que atravessará a Sapucaí ainda não está pronta. Conforme revela a carnavalesca do Salgueiro Márcia Lage, este é um momento de construção. “Já devorei o livro. (...) Só nos resta pôr essa panela no fogo e fazer essa mistura”, conta ela sobre a pesquisa feita. E acrescenta que mesmo não tendo nascido na fazenda, pôde perceber toda a essência da mesa posta das cidades interioranas, onde quitutes e comidas têm sabores mais característicos.

Dona Lucinha é proprietária de um tradicional restaurante em Belo Horizonte, que serve pratos tipicamente regionais. Por estar doente, ela não participou do anúncio feito à imprensa, mas seus filhos a representaram.
A filha da fundadora da casa e coautora do livro, Márcia Clementino, remete a construção textual à mãe. “Ela dizia que as receitas se desenvolvem junto com a história dos fogões”, relembra, ao falar do processo de montagem. Sobre o sabor famoso das receitas, Márcia acredita que a cozinha mineira seja rica, universal. “A mineração trouxe gente de todo o mundo, fez uma síntese [do que temos hoje]” explica ela.

A carnavalesca da agremiação carioca afirma que mais que regional, a comida mineira é, em primeiro lugar, brasileira e, por isso, representará muito bem a cultura nacional. “Estou muito confiante”, diz, ao falar das expectativas para o carnaval do próximo ano. Bom agouro reforçado por Regina Celi, que também aposta na vitória com o enredo escolhido.

As bandeiras do estado de Minas Gerais e da agremiação carnavalesca compartilham as mesmas cores. Mas a escola já dividiu outras histórias mineiras. Aleijadinho, Xica da Silva, Chico Rei e Dona Beja já foram temas de enredos do Salgueiro. Desta vez, a agremiação parte do Serro, cidade onde nasceu Dona Lucinha, para contar um pouco mais do estado.

O secretário de turismo, Tiago Lacerda, presente no evento que divulgou a parceria entre Minas e Rio no carnaval, afirmou que o momento é bastante oportuno para destacar a culinária do estado. Um dos motivos é a promoção internacional ocorrida após a homenagem no Madrid Fusión, em 2013. O deputado estadual Fred Costa, que intermediou o contato, ressaltou, no entanto, que não haverá investimentos públicos para este evento. “O dinheiro é do Salgueiro e das formas que eles usam para arrecadar esse dinheiro”, disse.

No próximo dia 16 de junho a sinopse da história da culinária mineira será entregue à ala de autores do Salgueiro para produções de sambas-enredo. Os compositores têm cerca de um mês para apresentar as músicas. Elas serão votadas em agosto e a vencedora desfilará na Sapucaí durante o carnaval. Segundo os carnavalescos da escola, normalmente são sete carros alegóricos e de 30 a 35 alas. Na teia artística montada na avenida, “certamente Dona Lucinha receberá destaque”, conta o diretor de carnaval da escola, Renato Lage. Márcia Clementino afirma que a família estará presente na festa.

Dona Lucinha

O restaurante foi fundado em 1990 e já soma 24 anos de trajetória. Mas a cozinheira Dona Lucinha trabalhou por 40 anos viajando pelo Brasil, em festivais que já levavam a cozinha do estado a vários outros lugares.

Uma das filhas de Dona Lucinha, Márcia Clementino acredita que a mãe contribuiu para semear o terreno atualmente desfrutado pela culinária local. Segundo ela, a mãe está orgulhosa e realizada pela homenagem, embora não esperasse que seus passos iniciados na fazenda onde morava, no Serro, chegassem a tanto.

O início do caminho até a casa montada em Belo Horizonte nasceu enquanto Dona Lucinha trabalhava como professora rural. O momento da merenda, ela percebia que os alunos se sentiam envergonhados pela comida que levavam. Às vezes batata-doce, outras um pedaço de mandioca. Mas dos quitutes eles se orgulhavam.

A partir dessa observação, ela começou a planejar merendas coletivas com pais e alunos, e incentivar que essa fonte de alimento fosse motivo de orgulho. “Daí derivou os festivais de comida mineira”, conta Márcia, relembrando as viagens da mãe à cidades como Belém, São Paulo e Brasília.

Depois de um tempo, já com 11 filhos, ela resolveu montar o restaurante na capital mineira. A estética deveria obedecer ao clima de fazenda, mais rústico. “O conceito é o mesmo que alimentou os festivais dela, que queria mostrar a coisa da mesa mineira, da reunião familiar”, explica a filha, também feliz pela história de sua genitora.
Devota de Nossa Senhora do Rosário, Dona Lucinha tem também como característica a religiosidade. Imagens podem ser vistas no estabelecimento. Supersticiosa, ela posta sempre na quarta-feira como dia de sorte para inaugurar grandes eventos. Talvez essa tradição ajude também o Salgueiro durante a abertura de notas, que ocorre na quarta-feira de cinzas.

Fonte: http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2014/06/culinaria-mineira-sera-tema-de-enredo-de-samba-da-salgueiro-em-2015.html

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