Nova Antônio Carlos é liberada com mais pistas e menos sufoco no trânsito
As ruas já foram de paralelepípedo, em uma época em que adivinhar se o barulho que se aproximava era ou não de carro servia como diversão para as crianças. Os tempos mudaram e a Avenida Antônio Carlos, também. Há seis décadas morando no conjunto Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), na Lagoinha, Região Noroeste de Belo Horizonte, Francisco Lauriano da Silva, de 79 anos, presidente de honra do conjunto, se confessa "de boca aberta" com a nova avenida que surgiu diante de sua janela: são sete viadutos – um deles ainda em fase de conclusão das alças – e três pistas, num trecho de
"É uma nova Antônio Carlos. Isso, há algumas décadas, era inimaginável", comenta Francisco, que ontem teve mais motivos para comemorar ao comparar passado e presente. Ele ouviu do próprio governador que, em breve, o conjunto IAPI será pintado, embora não tenha especificado se a intervenção será responsabilidade do próprio estado, da prefeitura ou fruto de alguma parceria. "Desde 1972, os prédios não recebem pintura. Não adianta uma avenida bonita com edifícios desleixados", afirmou o morador.
Quem estava acostumado aos engarrafamentos e à falta de estrutura da Antônio Carlos pode se sentir, ao menos por enquanto, um pouco aliviado. Com as novas intervenções, a promessa da prefeitura e do estado é de que o trânsito esteja livre para os 85 mil motoristas que passam por ali diariamente, segundo estimativa feita antes da duplicação. Simulações da Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop) calculam uma redução de 20 minutos no percurso entre o Anel Rodoviário e o Complexo da Lagoinha.
O trecho liberado na terça-feira fica entre os viadutos da Lagoinha e a Rua dos Operários, no Bairro Cachoerinha, Região Nordeste. A equipe do Estado de Minas percorreu de carro, às 11h da quarta-feira, oito quilômetros da Antônio Carlos, começando pelo novo trajeto. Do Complexo da Lagoinha até a barragem da Pampulha, na região de mesmo nome, onde começa Avenida Pedro I, foram 10 minutos gastos no sentido Pampulha e o mesmo tempo rumo ao Centro. No percurso, mantendo a velocidade máxima permitida de 60km/h foi possível aproveitar a onda verde de semáforos, com parada em apenas três sinais na altura da Universidade Federal de Minas Gerais.
“É uma maravilha. Gastava cerca de 40 minutos de ônibus para chegar
As modificações foram feitas em um ano e dois meses de obras, que começaram em janeiro de 2009. Foram investidos R$ 250 milhões, dos quais R$ 190 milhões do estado e R$ 60 milhões da prefeitura, verba empregada em alargamento da pista, construção de viadutos e desapropriações. "Estou emocionado ao ver que em tão pouco tempo fizemos uma obra que todos esperávamos há décadas. Pouca gente acreditava que ficaria pronta nesse tempo tão curto”, disse Aécio Neves, durante a inauguração.
A Antônio Carlos passa a ter duas pistas com quatro faixas, além de uma terceira com duas faixas exclusiva para ônibus (busway). A largura da avenida subiu de 25 para
Falta
Para que o novo trecho esteja completo, falta terminar as alças de acesso ao viaduto na Rua Formiga, em frente ao conjunto IAPI , que interligará os bairros São Cristóvão e Bom Jesus. A expectativa é de que a conclusão se dê em 45 dias. Apesar de o trecho continuar em obras, o estado assegura que o trânsito fluirá sem desvios. Mas, para o ex-taxista Willer Ferreira, ainda falta um aspecto importante: "Os motoristas de carros e de ônibus precisam respeitar as pistas exclusivas para os coletivos e também para os táxis. Muitos condutores de ônibus acham que o espaço é só para eles".