quinta-feira, 18 de julho de 2013

Apesar de campanha de proteção ao pedestre, desrespeito continua alto



Capital mineira teve 471 vítimas de carros internadas em apenas cinco meses

De mãos dadas, o casal de idosos precisou esperar pacientemente a passagem de 17 veículos, alguns deles em alta velocidade, acima dos 60 km/h permitidos na via, para finalmente atravessar na faixa de pedestres pintada depois da placa de parada obrigatória. “Aqui a gente vive correndo. Os motoristas nem olham para quem está na faixa, só para os carros do outro lado. Pedestre aqui tem de ficar esperto, senão é atropelado”, afirma a advogada Leny Abi-Akel, de 70 anos, depois de, enfim, cruzar a Rua Antônio de Albuquerque, quase esquina com Avenida do Contorno e Rua Ceará, na Savassi. Mesmo depois de cinco meses da campanha “Pedestre, eu respeito”, da BHTrans, e de a Polícia Militar ter prometido apertar a fiscalização contra quem não respeita as travessias, o número de vítimas de atropelamentos continua alto. De janeiro a maio deste ano, segundo o Sistema Único de Saúde (SUS), foram 471 internações de pedestres por acidentes em BH. Número que é 29% maior que a média dos últimos cinco anos, de 365 internações no mesmo período.

Nas ruas, em três cruzamentos demarcados por faixas e sinalização de parada obrigatória, a equipe do Estado de Minas constatou que praticamente nada melhorou para quem é tido como o lado mais frágil do trânsito: o pedestre. O comportamento dos motoristas foi testado na Rua Antônio de Albuquerque, na Savassi; na Avenida Alfredo Balena com Avenida Pasteur, na região hospitalar; e na Rua Francisco Deslandes com Rua Piumhi, Bairro Carmo, todos endereços na Região Centro-Sul de BH. Do total de 143 veículos, registrado durante cinco minutos em cada local, 93% (133) desrespeitaram a sinalização e pararam sobre a faixa de pedestres, à beira do cruzamento ou simplesmente aceleraram, ignorando completamente as regras de circulação.

Nesse curto espaço de tempo, pedestres que tentavam cruzar as vias tiveram de esperar a boa vontade dos condutores, mesmo lhes sendo garantida preferência pela sinalização e pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Dos 43 veículos que deveriam ter parado e dado passagem a quem aguardava para atravessar, 37 (86%) não o fizeram, chegando até a acelerar para encurtar a distância com o carro da frente e assim inibir a travessia.

Para o presidente da Associação Mineira de Medicina de Tráfego e representante da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Fábio Nascimento, as campanhas e promessas de ações de fiscalização foram pontuais até o momento e não tiveram ainda impacto significativo no trânsito. “Não é possível, ainda, verificar uma mudança no comportamento de pedestres e condutores. Os acidentes ainda são muitos e as vítimas continuam a lotar hospitais”, disse. Entre janeiro e maio de 2012 e o mesmo período de 2013 houve discreta redução de pessoas internadas no SUS por atropelamentos, de 511 para 471, dado que não pode ainda ser considerado uma tendência. “É muito pequena a redução, e só de um ano para o outro. Para se identificar uma tendência, seria preciso que a redução ocorresse em mais de três anos”, afirma o especialista, indicando ainda que 2013 só não teve mais pessoas internadas do que o ano anterior.

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