quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

BH ganha registro histórico

Livro resgata lembranças da capital e revela alguns equívocos e novos episódios da cidade que aniversaria hoje

A sonhada aposentadoria do trabalhador brasileiro geralmente é aproveitada com o devido ócio após tantos anos dedicados a labuta. Não foi o caso do jornalista José Maria Rabêlo, que se empenhou durante oito anos em um projeto que visava contar a história de Belo Horizonte com riqueza de detalhes. O projeto virou o livro “Belo Horizonte. Do Arraial à Metrópole”, que será lançado hoje no Palácio das Artes, às 18h30, dia em que a cidade completa 116 anos. O autor estará presente para conversar com os leitores e autografar o livro. “Se alguém duvida do trabalho que deu, é só pegar o livro em mãos. Pesa dois quilos e meio”, brinca José Maria.

Segundo o autor, o livro é uma “grande reportagem”, que busca esclarecer, inclusive, alguns erros históricos que são repetidos ao longo do tempo. “O Abílio Barreto, em seu livro de 1935, afirma que o grande responsável pela fundação do Arraial Del Rey foi Silva Ortiz e eu averiguei que não houve um fundador apenas e, sim, fazendas de famílias responsáveis por essa fundação. E a principal seria a fazenda de Francisco de Homem Del Rei, onde hoje é a igreja da Boa Viagem. Foi Francisco, aliás, que fundou a primeira capela da cidade”, esclarece José Maria.

Outra história pouco conhecida destacada pelo escritor seria um plano da Polícia Militar para assassinar o presidente João Goulart, em visita a Belo Horizonte para a comemoração da Incofidência Mineira, em 21 de Abril de 1964, na praça da Estação. “Estava planejado, mas o golpe (militar) veio antes, e derrubaram o Jango”, diz ele.

Com mais de 2.000 referências bibliográficas, dentre revistas, livros e teses a respeito da história da capital, “Belo Horizonte. Do Arraial a Metrópole” se divide em três partes. Primeiro, a história dos grandes fatos, que narra as mudanças mais importantes que fizeram do arraial a capital do Estado e toda a disputa política em torno dela. Na segunda, estão os fatos do dia a dia, das pessoas comuns. E por fim, “a história para os internautas”: “Eu brinco que as pessoas que usam a internet não leem mais que três linhas. Então, eu narro a história da cidade através das fotografias e suas legendas. O meu neto me garantiu que só vai ‘ler’ essa parte do livro”, se diverte o escritor.

Com tamanho conhecimento histórico de Belo Horizonte, Rabêlo talvez seja uma das pessoas mais indicadas para se falar dos dias que vivemos hoje na capital. “O erro grave foi o abandono do projeto do Aarão Reis (arquiteto da cidade que projetou o entorno de Belo Horizonte com a avenida do Contorno) em virtude de interesses privados, que levaram a cidade a essa explosão demográfica. O trânsito caótico que temos hoje é em virtude disso”, garante. BH HOJE.

Rabêlo, porém, demonstra otimismo ao falar sobre o futuro da cidade. Ele evoca duas imagens antigas para justificar sua opinião. “Você já ouviu falar na profecia do padre Arantes? (arcebispo da cidade na época da sua fandunção)”, indaga, e, diante da resposta negativa, revela: “Em 1829, ele mandou um relatório à Cúria Metropolitana de Barbacena apontando o Arraial de Curral Del Rei como um lugar de grandes possibilidades de desenvolvimento porque tinha um clima incrível, água em abundância e formações vegetais múltiplas. E temos também esse quadro, do Luís Mello, que é a capa do livro (na qual se vê um arraial no primeiro plano e uma cidade com prédios no fundo), de 1849. Somos uma cidade grande por vocação”, conclui.


AGENDA

O quê. Lançamento do livro “Belo Horizonte. Do Arraial à Metrópole”, de José Maria Rabëlo

Quando. Hoje, às 18h30

Onde. Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537, centro)

Quanto. Entrada franca. Preço do livro: R$ 65

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