terça-feira, 6 de março de 2012

LUIZ FERNANDO VERISSIMO. Uma lupa sobre o cotidiano


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Na crônica que abre o novo livro de Luis Fernando Verissimo - "Em Algum Lugar do Paraíso" (Ed. Objetiva) -, o escritor aborda a boa vida de Adão no Éden antes da chegada de Eva. "Adão, sozinho no Paraíso, era um homem feliz porque era um homem sem datas", escreve.

O personagem da crônica parece viver aquilo que Verissimo gostaria de contemplar no alto de seus 75 anos: tempo para o ócio. "Acho que tenho uma grande vocação para aposentado, pois gosto de fazer nada, de ficar só lendo meus livros", assume o autor, que afirma só não ter se aposentado ainda porque não consegue arcar com seus gastos.

Considerado um dos escritores mais produtivos do país, Verissimo é o convidado de hoje do programa Bate-papo com o Autor, realizado na Academia Mineira de Letras.

Na ocasião, os cem primeiros exemplares do novo livro do autor - lançado em novembro do ano passado - serão vendidos a R$ 5, seguido de conversa com Verissimo.

Em sua nova obra - um apanhado de 41 crônicas escolhidas a partir de publicações no jornal "Estado de São Paulo" dos últimos cinco anos -, o olhar sobre o cotidiano permanece nas histórias, assim como o humor inteligente que fez de Verissimo um dos escritores mais lidos do país.
No entanto, como sugere o próprio texto que batiza a obra - sobre o paraíso de Adão quebrado pela chegada de Eva - uma recorrência nas crônicas são as relações conjugais contemporâneas, conflituosas, pela recém-conquistada igualdade entre os sexos.
"Tudo mudou muito de uns tempos pra cá, o casamento não tem mais a aura de sagrado que tinha antes e a mulher viveu sua libertação sexual. Nesse sentido, esse é um livro sobre casais modernos tentando se conformar com essa nova moral", destaca, ressaltando que, no entanto, não existe uma linha temática única que costura as histórias.
Embora sempre tenha sido identificado como um escritor bem-humorado, Verissimo reitera estar cada vez mais melancólico. "Nunca fui um humorista natural, a minha relação com as coisas é mais para o depressivo. Mas acabei desenvolvendo uma técnica na escrita que pende para esse tipo de visão, talvez até pelo bom retorno do público".
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Verissimo comenta sua rotina de escritor

A fama de tímido e avesso a eventos de Luis Fernando Verissimo já se confirma em cinco minutos de conversa ao telefone. Adepto de respostas curtas, o gaúcho parece realmente cansado de sua própria rotina como escritor. "Acho que não sentiria falta se parasse de escrever", opina.

Com um ritmo de trabalho que se inicia às 9h30 e "vai até o Jornal Nacional" – e sendo um dos autores mais produtivos do país –, Verissimo diz pautar seu ritmo de criação pelos deadlines dos jornais em que escreve. "Às vezes, sento no computador sem assunto prévio, mas às vezes, algum acontecimento no país quase me obriga a escrever sobre. Mas não sei dizer como faço para manter meu fluxo".

Embora reclame de sua memória – outro motivo que o faz querer se aposentar –, Verissimo adianta duas novas publicações para este ano: a reedição do livro "As Cobras", com as famosas ilustrações de suas serpentes, além de um novo livro de crônicas. (JG)

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