quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Aumento de fluxo e obras em viaduto param avenida Pedro II

Engarrafamentos forçam motorista a usar ruas próximas, que viraram um caos

O teste de paciência para os motoristas que precisam trafegar pela avenida Dom Pedro II, em Belo Horizonte, não tem data ou local marcado. Congestionada durante quase todo o dia e em praticamente toda a sua extensão, a via, que já tinha trânsito complicado, tem ficado ainda pior. O problema vem se agravando desde a conclusão das obras de ligação com a avenida Tancredo Neves, na região Noroeste, em julho, e piorou de vez há duas semanas, com o fechamento de uma pista para o alargamento do viaduto B do Complexo da Lagoinha.

A Pedro II, como é conhecida, é a principal ligação entre as regiões da Pampulha e Noroeste ao centro. Ela tem 5,487 km de extensão e passa por seis bairros. São cerca de 94 mil carros por dia. Desde a liberação da Tancredo Neves, o fluxo cresceu 38%, mas nenhuma intervenção foi feita na via. Com as obras do viaduto B, o principal problema é no sentido bairro/centro.

Os motoristas reclamam dos transtornos constantes, das 6h às 22h, e de que o percurso pela avenida chega a demorar duas horas. "Já perdi consultas médicas e cheguei atrasada ao trabalho. Eu saía de casa às 9h para chegar à minha empresa às 9h40. Hoje, saio às 8h para chegar às 10h", disse a contabilista Tânia Guimarães, 64, que depende de ônibus.

Para quem vai de carro, as três pistas em cada sentido da avenida já não são suficientes. "Isso aqui está um horror. Na prática, temos só duas pistas, porque uma fica para estacionamento. Não acho que vai melhorar tão cedo", afirmou o tratorista Fred Reis, 30. O motorista Silvano Santos, 38, reclama de que o trânsito ruim aumenta o consumo de combustível. "Gastei 30 minutos para percorrer pouco mais de 1 km. É um absurdo", reclamou.

Paralelas. Na tentativa de fugir do caos, muitos condutores buscam as ruas paralelas ou próximas à avenida, como a Jaguari, no bairro Bonfim, e a Passos, no Carlos Prates. O resultado: as vias dos bairros também têm ficado um caos. "Se você tiver compromisso, não passe por aqui", alertou o aposentado Rubens Nobre, 62. Ele mora há 50 anos no Carlos Prates e disse que evita ao máximo usar a avenida.

Conforme a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), a obra no viaduto deve acabar em março. No fim deste mês, o órgão pretende liberar a pista interditada.

A Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) informou, em nota, que um projeto de Transporte Rápido por Ônibus (BRT) está sendo preparado para a avenida, mas não deu detalhes. O órgão diz que, em função das obras do viaduto, tem orientado os motoristas a usarem o elevado Castelo Branco em vez de seguir pela Pedro II - o problema é que o elevado fica depois da metade do trajeto no sentido centro; até ele, a média de tempo gasto é de uma hora.

`Segundo´ andar’ seria solução
Especialistas em trânsito afirmam que as características da avenida Pedro II e da região tornam a busca por soluções para o trânsito mais complicada. "É uma avenida muito estreita e com um volume de veículos maior do que a capacidade", analisa o especialista em trânsito José Aparecido Ribeiro. São três pistas em cada sentido em quase toda a sua extensão, mas uma faixa de cada lado fica sempre inutilizável por causa dos carros estacionados.

Ribeiro explica que a busca por alternativas, como a passagem por ruas próximas ou paralelas, já não surte efeito, uma vez que, na maioria dos casos, o motorista é obrigado a voltar para a Pedro II. Ele ainda diz que o grande número de comércios acaba inviabilizando a proibição dos estacionamentos. Uma duplicação também não seria possível por causa do custo das desapropriações que seriam necessárias.

"Sinceramente, não vejo outra solução para a Pedro II. É uma avenida que vai precisar de um segundo andar", afirma Ribeiro, citando como exemplo uma pista construída na Linha Vermelha, no Rio de Janeiro, que possui três andares. "Seria uma via expressa com a opção de ir por cima, construída com vigas laterais e alças que dariam acesso aos bairros".

Silvestre de Andrade, engenheiro e mestre na área de transportes, também não vê muitas alternativas. "Estamos em um momento em que o tráfego cresceu desordenadamente, e as avenidas não cresceram na mesma proporção. Acho que a solução é caminhar para a prioridade ao transporte coletivo", afirma.  (JHC)

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