quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Cadela ajuda homem a descobrir câncer de mama

Mesmo raro, o câncer de mama masculino pode ser muito perigoso. Sem obter qualquer incentivo para a realização de exames preventivos como a mamografia, a detecção da doença é feita em estágio avançado na maioria dos casos, o que dificulta o tratamento e aumenta as chances de metástase.

Não fosse por uma patada da sua cadela Layka, o belo-horizontino Evandro de Azevedo, hoje morador de Campo Belo-MG, jamais teria sentido dor. Não fossem a dor e a queimação sentidas, ele não teria sequer procurado um médico. Afinal, que homem, aos 59 anos, completamente saudável, sem nunca ter adoecido gravemente, poderia desconfiar de um câncer na mama?

Nenhum. Afinal, o câncer de mama raramente acomete pessoas do sexo masculino. Para cada 100 mulheres, apenas um homem é diagnosticado com a enfermidade, e mesmo assim, na faixa etária a partir dos 65 anos. Evandro, apesar de mais jovem, foi surpreendido pela doença.

No ano passado, ele estava brincando com a Layka, sua cadela de 6 anos, da raça bernese, quando ao ficar de pé, ela apoiou uma das patas em seu peito, no lado esquerdo. Ele conta que neste momento sentiu um dor terrível, muito forte, mas não chegou a se preocupar. Cerca de três dias depois do episódio, ele sentiu um caroço se formando, mas imaginou que pudesse ser um machucado, reflexo da contusão que sofrera. Com o tempo, no entanto, o caroço foi crescendo e Evandro começou a sentir uma espécie de queimação no local. “Eu massageava, não contava para ninguém, pensava que ia passar, mas não passava”, lembra. 

Foi só no meio deste ano que ele decidiu mostrar o machucado para a família, que recomendou imediatamente a procura por um médico. Assim o fez, e após passar por uma bateria de exames em Campo Belo, o médico pediu a realização de uma biópsia, em Lavras. Com o resultado, ficou constatada a neoplasia na mama esquerda, ou o câncer de mama.

De acordo com a médica oncologista, Dra. Carolina Rutkowski, o caso de Evandro não é padrão, já que o câncer de mama nem sempre se apresenta de forma dolorosa. Nos homens, a forma mais comum de se descobrir a doença é ao notar a presença de um nódulo endurecido, que pode ser fixo ou móvel, característica que varia de acordo com o estágio da enfermidade. “Como o homem não tem a mama volumosa, como a da mulher, fica mais fácil a descoberta”, explica a médica.

Por outro lado, a falta de recomendação por cuidados com a doença pode agravar a maioria dos casos. “Nas mulheres, o câncer de mama pode ser precocemente diagnosticado através da mamografia. Nos homens, não há recomendação para a realização do exame devido ao baixo índice de casos registrados. Dificilmente, ao notar um caroço na mama, o homem pensará em câncer. E é neste período que a doença pode evoluir”, alerta.Evandro não imaginava que a dor que sentia no peito poderia ser um câncer, tanto que demorou a marcar a consulta com o médico. Felizmente, no caso dele, apesar do longo tempo percorrido desde a descoberta do nódulo até a realização da biópsia, a doença não se espalhou para outros órgãos. Quando isso ocorre, acontece o fenômeno que os médicos chamam de metástase, uma fase muito mais perigosa e a principal causa de morte entre pacientes com câncer.

Causas

Nos homens, assim como nas mulheres, o câncer de mama não tem uma causa única, mas fatores de risco associados, tais como a mutação do gene BRCA, que é muito rara (caso da atriz Angelina Jolie), o tabagismo, o alcoolismo, a obesidade e a predisposição genética. Nos homens, porém, algumas patologias como a síndrome de Klinefelter e a ginecomastia podem elevar as chances de desenvolver a doença. O uso de hormônios também é considerado um fator de risco.Tratamento

O tratamento do câncer de mama masculino geralmente segue os mesmos princípios do utilizado na população feminina. A cirurgia ainda é a principal ferramenta terapêutica, sendo que a quimioterapia e a radioterapia podem ser indicadas. Evandro já passou por duas etapas do processo, tendo feito a cirurgia, e a primeira, das quatros sessões de quimioterapia. Apesar de ambos os métodos apresentarem uma variedade de efeitos colaterais e exigirem uma série de cuidados, a única coisa que tira Evandro do sério é o trajeto até Belo Horizonte. “São quatro horas de viagem e acaba ficando muito cansativo”, diz, lembrando não ter sentido “absolutamente nada” após a primeira sessão de quimioterapia. 

Para a Dra. Carolina Rutkowski, apesar deste ser um fator muito individual, que varia de paciente para paciente, é também graças aos avanços da medicina que os efeitos da quimioterapia têm ficado mais brandos, ao passo que as chances de cura da doença têm aumentado cada vez mais. “Graças às infinitas opções de tratamento, a taxa de sobrevida para pessoas que tiveram um câncer têm aumentado ao longo do tempo. Para os cânceres descobertos ainda no estágio 1, por exemplo, há 95% de chances de cura”, comemora.

Com fé nas estatísticas, nos médicos que o acompanham e em Deus, Evandro não tem mais do que se queixar. Para ele, a vida segue normalmente, e seu único objetivo neste momento é terminar logo o tratamento. Assim, ele terá mais tempo para desfrutar ao lado de Layka e da esposa Vera.

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