segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Frequentadores de boates em BH reclamam de roubos e agressividade de flanelinhas

Não são poucos os relatos de violência feitos por frequentadores de bares na Região Centro-Sul de Belo Horizonte e do Jardim Canadá, em Nova Lima, percorridos pela reportagem do Estado de Minas por dois dias: na saída das casas noturnas é grande o número de roubos e abordagens de flanelinhas

A produtora de eventos Cristina Vieira Souza, de 31 anos, é frequentadora assídua de baladas em Belo Horizonte e cidades vizinhas e invariavelmente sai tarde da noite das boates. Ela nunca tinha sentido medo na hora de voltar para casa até dois meses atrás, quando levou um susto. “Estava numa casa noturna do Jardim Canadá (em Nova Lima), no maior clima de segurança lá dentro. Mas antes de eu entrar no táxi, alguém passou correndo e levou minha bolsa”, conta. “Não fosse o apoio do taxista, que me levou para a delegacia e depois para minha casa, o pesadelo na madrugada teria sido pior”, acrescenta. 

Embora a polícia não informe estatísticas específicas, relatos como o de Cristina são frequentes entre belo-horizontinos que lotam casas noturnas em busca de diversão. Por duas noites, a reportagem do Estado de Minas percorreu boates da Região Centro-Sul da capital e do Jardim Canadá, em Nova Lima, e ouviu reclamações por casos de roubo ou abordagens mais agressivas por parte de flanelinhas e moradores de rua na saída dos estabelecimentos. As queixas já preocupam donos de boates: a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas (Abrasel) promete pedir nos próximos dias uma reunião com o comando da Polícia Militar para discutir medidas. 

“Estamos cientes desse problema”, reconhece Lucas Pêgo, diretor-executivo da Abrasel. “BH é conhecida como uma capital de vida noturna agitada e temos de garantir que os clientes estejam seguros. Está na hora de mais uma reunião com a PM", acrescenta, referindo-se a conversas que foram mantidas no passado com a polícia e que contribuíram para a implantação de patrulhas em bairros como Lourdes, em 2012. Para Lucas Pêgo, ainda há sensação de insegurança na saída das baladas.Uma das queixas mais comuns entre frequentadores de boates é a atuação de flanelinhas. A publicitária Carolina Silveira, de 33, conta que ela e amigas temem a reação de guardadores de carros quando vão a casas noturnas em Nova Lima ou no Bairro de Lourdes. “Uma vez, uma amiga não pagou o que estavam pedindo para tomar conta do carro no Jardim Canadá. Quando voltou, o carro dela estava todo aberto. Não levaram nada, mas deixaram um recado”, lembra. 

Por causa do problema, o engenheiro Luiz Fonseca, de 25, parou de usar o carro para ir a boates. “Passei a usar táxi. Não quero ter surpresas desagradáveis na saída”, justificou. “Dois colegas meus foram assaltados num estacionamento improvisado no Jardim Canadá”, conta. “Chego a pensar que flanelinhas dão dicas a comparsas sobre o perfil do dono do veículo. Se são dois jovens franzinos, como meus colegas, são alvos potenciais”, acrescenta.

Zona Sul
O clima também é de alerta entre frequentadores de casas noturnas na Região Centro-Sul da capital. O engenheiro Henrique César de Melo, de 35, conta que ficou atento sobre os riscos na saída da balada depois que dois colegas foram assaltados. “Falta segurança. Tomo cuidado na hora de buscar o carro e mesmo no trajeto de volta para casa. Pode ser que ladrões não o abordem num local movimentado, mas sigam você até sua casa”, disse. “Quando chego em casa (no Bairro Funcionários) depois da balada, prefiro dar uma volta no quarteirão quando há pessoas suspeitas na rua”, completou.

Na Savassi, há presença constante de militares da 4ª Companhia do 1º Batalhão da PM no cruzamento das ruas Tomé de Souza e Sergipe. No mês passado, um jovem de 23 anos foi baleado no rosto e na perna depois de sair de uma boate no cruzamento das ruas. Em março do ano passado, um homem atirou contra cinco pessoas em um carro, que acabavam de sair de uma casa noturna na Tomé de Souza, deixando três feridos. Na mesma área, um estudante foi morto a tiros em junho de 2006. 

Frequentadoras de uma boate perto dali, na Rua Levindo Lopes, a arquiteta Cinthia Machado, de 28, e a dentista Mayla Maia, de 30, passaram a andar com mais cuidado depois que viveram um momento de medo. Como não havia vaga perto do estabelecimento, Cinthia parou seu carro a um quarteirão. Depois que desceram do veículo, um morador de rua passou a segui-las. “Acho que o policiamento é um pouco fraco no entorno da maioria das casas noturnas. E isso pode facilitar ações de criminosos eventuais, que se passam por moradores de rua ou flanelinhas”, avalia Mayla. Para ela, a saída é procurar casas que tenham seguranças na porta e manobristas.

O militar Simon Patrick, de 21, diz que procura parar em locais bem iluminados, próximos à entrada das casas noturnas. “Pela minha atividade, adoto certos cuidados. Mas não há certeza de que meu carro vai estar intacto, mesmo pagando com antecedência o guardador”, diz. “Quando saio, fico bem atento ao movimento e, se na chegada não consigo um local bom para parar, sigo para um outro estabelecimento”, completa.

A comandante de Policiamento da Capital, coronel Cláudia Araújo Romualdo, disse que os locais com grande presença de público, onde são realizados shows musicais, eventos culturais de toda natureza e casas noturnas, recebem atenção especial de policiamento. Sem revelar dados, o Pelotão da PM no Jardim Canadá informou não ter notado crescimento na taxa de assaltos e furtos nos arredores das casas noturnas. Segundo o tenente Daniel Rodrigues, o policiamento na região é reforçado quando há grandes eventos.

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