sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Violência nos arredores de shopping assusta população


Estado não divulga dados de crimes na região por ‘questões de segurança’ O ponto final da caminhada da funcionária pública Valéria Cacilda Bernardes, 50, no início da noite do último dia 3, era sua casa, a poucos metros do 1º Batalhão de Polícia Militar, no bairro Santa Efigênia, na região Centro-Sul da capital. O trajeto foi interrompido na avenida do Contorno, já próximo à praça Floriano Peixoto, quando ela foi abordada por dois homens armados com uma faca. A bolsa com celular, dinheiro, documentos e cartões bancários foi levada. A sensação de insegurança nesse ponto do bairro e em todo o entorno do Boulevard Shopping, na avenida dos Andradas, tem mexido com a rotina de moradores e trabalhadores, que recorrem a estratégias como mudar seus trajetos diários e evitar pontos de ônibus e ruas pouco movimentadas. 

Apesar de não existirem dados oficiais sobre os crimes, no trecho onde o shopping foi construído, em frente à estação de metrô Santa Efigênia, é comum encontrar quem foi roubado ou ouvir histórias de violência. Mal-iluminada, a passarela da estação do metrô foi apontada pela população como um dos locais com maior incidência de assaltos na região e maior presença de usuários de drogas. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) alega que não disponibiliza dados regionalizados “por questões estratégicas de segurança”.

Enquanto isso, moradores como Valéria reclamam da falta de policiamento ostensivo e se viram como podem para fugir dos criminosos. Como o assaltante levou a chave do portão de seu prédio e um boleto com o endereço, a fechadura teve que ser trocada e todos os moradores fizeram chaves novas. “Ainda tive que pagar R$ 150 para o chaveiro abrir minha porta. Fico com medo de andar na rua”, conclui.

Geraldo Vieira de Carvalho, 59, vende cocos na pista de corrida na avenida dos Andradas. Na semana passada, ele tentou, sem sucesso, chamar a Polícia Militar para registrar um boletim de ocorrência após um motorista derrubar o padrão de energia elétrica de sua barraca. Na madrugada da última quarta-feira, toda a fiação do local foi furtada. Ele conta que são comuns assalto na região e que há dois meses precisou socorrer um médico que fugia de um assaltante. “Aqui há muitos drogados, e quase não passa polícia. É uma região com pouco movimento, e os bandidos se aproveitam disso”, relata o vendedor.

A poucos metros da estação Santa Efigênia, uma drogaria na esquina da Contorno com Andradas foi assaltada duas vezes apenas neste ano. O gerente da loja, Wilker Igor Santos, 28, diz que o último roubo foi logo no início da manhã. “A polícia vem e faz o boletim de ocorrência, mas, infelizmente, nada acontece”, lamenta Santos, lembrando que, na última semana, uma mulher também se escondeu de um ladrão na drogaria.

Grandes eventos. Trabalhando há um ano em uma loja de doces da região, Rafaela Cristina da Cruz, 30, conta que em dias de maior movimento do Boulevard Shopping ou quando são vendidos ingressos para grandes eventos e shows no centro de compras, a incidência de crimes aumenta.

“Polícia aqui só quando acontece alguma coisa, como a ameaça de arrastão (leia abaixo). Na Copa das Confederações, também estava cheio. Caso contrário, não tem ninguém”, reclama.

Saiba mais
Caminhada. Como O TEMPO mostrou em reportagem do dia 13 de agosto, frequentadores da pista de caminhada na avenida dos Andradas, em frente ao Boulevard Shopping, se sentem inibidos pela presença constante de usuários de drogas. Lá, a reportagem flagrou adolescentes
usando maconha.

Estacionamentos. Com poucos comércios e casas, muitas ruas desse ponto do Santa Efigênia são desertas. Uma delas é a rua Otaviano de Almeida, onde está uma das saídas do estacionamento do Boulevard Shopping.

Favelas. Quem mora ou trabalha nas proximidades da avenida dos Andradas conta que muitos bandidos, após os assaltos, fogem para aglomerados da região, como as vilas Dias, São Vicente e União. No local, ainda estão as chamadas Torres Gêmeas, que, como contam os moradores, antes de serem desocupadas, registravam crimes envolvendo usuários e traficantes de drogas.

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