Fonte: Folha de S.Paulo
Realizada em São
Paulo na semana passada, a Olimpíada do Conhecimento do Senai reafirmou a
sua condição de maior e mais importante evento da educação
profissionalizante do Brasil.
Durante
cinco dias, 700 alunos disputaram provas em 54 ocupações profissionais.
Simultaneamente, competiram no torneio WorldSkills Americas, com a
participação de 24 países das Américas e do Caribe. Ano que vem, os
nossos campeões participarão da etapa global dessa "Copa do Mundo" da
educação profissional, em Leipzig, na Alemanha.
Há
razões para nos orgulharmos de nossos estudantes. Em 2011, em Londres,
durante a mesma competição internacional, eles conquistaram seis
medalhas de ouro, três de prata, duas de bronze e sete certificados de
excelência. Classificaram-se em segundo lugar, superando concorrentes de
países desenvolvidos como Japão, Suíça e Cingapura.
Por
trás desse bom desempenho está a presença da indústria nacional,
responsável, em última instância, pela qualidade do ensino oferecido
pelo Senai. É, porém, um esforço isolado -praticamente uma ilha de
excelência, que não encontra a necessária sinergia com a política
educacional brasileira nem apoio para disseminar-se e, assim, alcançar
todos aqueles que poderiam conquistar oportunidades de melhores empregos
e salários por meio de um diploma técnico.
Os
equívocos começam já na definição da matriz educacional que privilegia e
incentiva o bacharelado. Apenas 6,6% dos jovens brasileiros entre 15 e
19 anos optam pelo ensino profissionalizante. Na média dos 34 países da
OCDE, são 42%, com picos de 55% no Japão, 53% na Alemanha e 40% na
França e na Coreia do Sul.
O
mais preocupante é que o sonho da universidade se frustra para a grande
maioria -apenas 14% dos nossos jovens chegam aos cursos superiores,
contra a média de 40% nos países da OCDE. Feitas as contas, constata-se
que 86% deles, cerca de 20 milhões, ficam fora das universidades e não
conquistaram uma formação profissional. São condenados a empregos de
segunda classe, a subempregos.
Diante
do risco iminente de um "apagão" de mão de obra no país, fatal para a
competitividade das empresas, o Brasil se defronta com o desafio de
capacitar, até 2015, 7,2 milhões de trabalhadores com cursos técnicos e
de média qualificação para atuar em 177 ocupações, segundo alerta do
Mapa do Emprego Industrial, produzido pelo próprio Senai.
O
governo parece não ter tempo nem interesse em priorizar essa questão.
Ignora que as nações que superaram a pobreza e se tornaram
economicamente fortes, socialmente mais justas e soberanas são
exatamente as que investiram com seriedade e consequência na educação de
sua juventude.
O SENADOR AÉCIO NEVES escreve às segundas-feiras neste espaço.
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