Em artigo publicado neste domingo (11) no jornal O Estado de S.Paulo, Dora Kramer fala da oposição do senador Aécio Neves.
Aécio: 2014
Fonte: PSDB
O senador Aécio Neves não
se declara candidato à Presidência da República em 2014, mas é assim
que se vê. É dessa perspectiva que analisa o panorama e é para se
consolidar como “candidato natural” da oposição que se movimenta.
A
estrada é longa – há o ano que vem todo para atravessar, um discurso a
construir e muitos cacos a juntar no PSDB -, mas o alento do tucano é
que o caminho não é tão deserto quanto ele mesmo supunha nem o lobo mau
anda tão perto a ponto de representar um obstáculo intransponível.
“O resultado da eleição
municipal mostrou que não há cidadelas inexpugnáveis, que a popularidade
de Dilma e Lula não é garantia de vitória e que a oposição não está
morta”, diz, afastando a hipótese de estar sendo artificialmente
otimista, já que a mais o PT derrotou o PSDB em São Paulo, a mais
importante das cidadelas.
Prejuízo
grande? “Enorme. Em boa parte devido à ação deletéria de Gilberto
Kassab, que conseguiu projeção nacional no espaço aberto para o PSDB,
dizimou o DEM, construiu suas pontes com o governo e agora é nosso
adversário.”
Dano
irrecuperável? “Nem de longe. Continuamos com os governos de São Paulo e
Minas. Ganhamos as três últimas presidenciais no Sul e Centro-Oeste e
agora conquistamos inserção importante no Norte e no Nordeste, de onde
havíamos sido praticamente varridos.”
Uma surpresa. Meses antes
da eleição os tucanos achavam que no Nordeste a oposição só ganharia em
Aracaju, com o veteraníssimo João Alves, do DEM.
Por
isso, o saldo de vitórias na parte do País onde o governo federal
fincara sólidas bandeiras é visto com festejo: Salvador, Teresina,
Maceió, Manaus, Belém e Aracaju. Inclui Fortaleza e Recife, conquistas
do PSB em confronto com o PT, para dizer que a invencibilidade de Lula é
um mito e a boa avaliação de Dilma não resulta necessariamente em
influência de voto.
“A presidente se empenhou
pessoalmente em cinco cidades, (Belo Horizonte, Campinas, São Paulo,
Manaus, Salvador) e perdeu em quatro.”
Mas
só isso não faz do PSDB uma opção competitiva nem é suficiente nem para
abalar a aliança em torno da reeleição de Dilma Rousseff.
Aécio concorda e
acha indispensável pôr a mão na massa e o pé na estrada. Montar um “novo
time” quando da mudança da executiva nacional do PSDB em maio, abrindo
espaço para a nova geração de prefeitos e parlamentares.
“Depois
disso, tenho uns seis meses para viajar pelo País.” A ideia é falar nas
Assembleias Legislativas, nas universidades, nas emissoras locais,
aproveitando todo tipo de oportunidade para levar ao eleitorado temas
como saúde, segurança, penúria dos municípios, aparelhamento do Estado,
eficácia de gestão, ética na política e mais quais forem os temas
escolhidos pelo partido.
E o tom desse discurso, será ameno ou de embate com o Palácio do Planalto?
O senador é criticado
dentro e fora do PSDB por ter tido uma atuação frustrante diante da
expectativa de que seria o grande líder da oposição depois de deixar o
governo de Minas.
“Sei disso. Às vezes
penso que talvez tivesse sido melhor não ter ido para o Senado, onde a
oposição não tem destaque e o ambiente é de subserviência absoluta.”
Daí
o plano de atuar mais fora do Parlamento em 2013. Candidatura para
valer – “se for o caso”, acrescenta a título de precaução – só na virada
do ano eleitoral.
Anuncia que assumirá
gradualmente posições mais contundentes, embora dentro de um limite:
“Não acho que vá ganhar a eleição quem se dedique exclusivamente a dar
pancada no governo. Se eu tivesse feito isso, teria sido pior, estaria
mais desgastado”.
Preservando-se para pescar nas águas governistas?
“Tenho
trânsito em todos os partidos, mas no momento a preocupação é outra:
cumprir uma agenda que faça do PSDB uma expectativa viável de poder,
porque sem esse ativo não vamos atrair ninguém.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário