A próxima sexta-feira, 26, marca sete décadas do nascimento de Milton
Nascimento, um dos principais representantes da música mineira em todo o
mundo.
Nascido no Rio de Janeiro
em 1942, o artista foi adotado pelos patrões de sua mãe biológica ainda
na capital fluminense. Mudou-se para Três Pontas, no Sul de Minas,
antes de completar dois anos. Desde que chegou, foi contagiado pelo
espírito quase parnasiano do interior do estado, traduzido em suas obras
pela contemplação das belezas naturais e o modo de vida simples do
mineiro típico.
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Ao
lado do jovem pianista Wagner Tiso, outro dos filhos ilustres de Três
Pontas, Milton tornou-se cantor desenvolto graças às performances em festas e bailes na região. A primeira canção gravada já completou 50 anos: Barulho de trem,
de 1962, é uma amostra do trabalho precoce de Bituca, apelido que
prevaleceria sobre o primeiro nome do músico entre os amigos de Belo Horizonte, para onde veio como estudante de economia. Em 1967, a parceria com Fernando Brant em Travessia
conquistou a segunda colocação no Festival Internacional da Canção. A
gravação em estúdio eternizou a interpretação única do cantor, que
imprimia a melancolia dos jazzfingers norte-americanos a uma
canção de apelo irrefreável aos ouvintes da MPB. O sucesso da faixa
rendeu contrato para a concretização de um primeiro álbum, homônimo,
sucedido por Courage (1968), Milton Nascimento (1969) e Milton (1970).
As parcerias com Lô Borges e seu irmão Márcio neste último
disco servem como ligação entre a recém-consolidada carreira de Milton e
a construção de sua obra prima. Quando migrou para a capital mineira, a
primeira casa do compositor foi o Edifício Levy, no Centro — mas foi no
Bairro Santa Tereza que o artista começou a crescer. Ainda antes do
Festival da Canção, no encontro das ruas Divinópolis e Paraisópolis,
endereço dos irmãos Lô, Márcio e Marilton, Milton Nascimento escreveu o
primeiro conjunto de canções que integrariam o repertório do Clube da
Esquina. Inspirados pelo som dos Beatles, os mineiros criaram trabalhos como Nada será como antes, Trem azul, Alunar e a emblemática Para Lennon e McCartney.
Boa parte das primeiras composições nascidas em Santa Tereza já havia
sido registrada nos álbuns de Milton quando chegaram ao grupo os amigos
Flavio Venturini, Fernando Brant, Tavinho Moura, Beto Guedes e Toninho
Horta, com sede de um novo projeto. Clube da Esquina, o disco, foi lançado em 1972.
A
orquestração das faixas é assinada por Wagner Tiso, o mesmo companheiro
de infância com quem Milton Nascimento dividia os palcos em Três
Pontas. "Este disco foi um marco para mim como orquestrador. Foi a
primeira orquestração que fiz para o Milton e acabou gerando uma
carreira como orquestrador dos trabalhos posteriores dele, como O Milagre dos peixes e Minas", recordou o maestro em entrevista ao Estado de Minas.
A
repercussão mundial das harmonização visionária de jazz, blues, Beatles
e música popular que formam a base do disco transformaram a carreira de
todos os artistas envolvidos no Clube da Esquina. Com Milton Nascimento
não foi diferente: a obra é um dos principais marcos em sua carreira,
que contabiliza quase trinta trabalhos em estúdio e diversas
participações em faixas de artistas — sempre admiradores — de todo o
mundo.
INTEGRA DA MATÉRIA EM: http://www.divirta-se.uai.com.br
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